
Henrique Cazes é parte de uma geração que, criada no ambiente da roda de Choro, acabou sendo lapidada pelo talento, criatividade e liderança do (já na época) veterano Radamés Gnatalli. O resultado dessa união de gerações foi a inesquecível Camerata Carioca, grupo que expandiu as fronteiras do formato regional na década de 80, se tornando um tornando uma referência definitiva dentro do Choro, e sobre o qual falaremos mais profundamente em artigos futuros. Depois da experiência na Camerata, Henrique trilhou uma prolífica carreira como instrumentista (cavaquinhista), lançando inclusive discos solo, e também como arranjador.
Sua primeira incursão no mercado literário foi o livro didático "Escola moderna do cavaquinho", lançado em 1988 pela editora Lumiar. Somente mais de uma década depois, em 1999, é que viria a lançar aquela que eu considero como sua obra-prima: "Choro - do quintal ao Municipal".
Por revelar a história do gênero a partir do ponto de vista de um músico que participou intensamente dela, "Choro - do quintal ao Municipal" é um livro único. A abordagem é quase puramente histórica, sem maiores análises técnico-musicais, e a leitura torna-se bastante descontraída pelo fato de que, apesar de seguir uma linha cronológica bem definida, a narrativa é organizada por assuntos que não necessariamente se encadeiam no tempo.
Um ponto forte do livro - e que na minha opinião é algo que tem faltado a muitos autores, acabando por cair numa pretensa imparcialidade - é que Henrique não se furta em emitir sua opinião pessoal, definindo claramente seus pontos de vista, sem se acanhar em dar "chutes" e deduzir fatos a partir de seu conhecimento e de seu faro de historiador. Por exemplo, eis o que ele nos diz dos sobre os maxixes "Morro do Pinto" e "Morro da Favela", de Pixinguinha, no capítulo dedicado ao mesmo:
Henrique toca sem pudor em assuntos que sem dúvida são motivo de controvérsia e dividem opiniões, chegando a criticar veementemente as letras de música de Hermínio Bello de Carvalho, poeta e compositor, um dos mais importantes produtores musicais do Brasil. Acontece no capítulo 26, "Choro cantado, um assunto polêmico", quando comenta sobre a inclusão de letras em choros de autores já falecidos:
Indo um pouco além das opiniões, a parcialidade também se revela no fato de que Henrique claramente "puxa brasa pra sua sardinha", e acabam sendo bastante numerosas as citações a Radamés Gnatalli (com quem conviveu intensamente) e aos trabalhos dos quais o autor fez parte, como a Camerata Carioca.
Outro ponto alto é o capítulo 16, "A roda de Choro ontem e hoje", que garante boas risadas com vários "causos" ocorridos em rodas de Choro freqüentadas pelo músico.
"Choro - do quintal ao Municipal" é um livro indispensável do Choro, e não poderia deixar de figurar aqui em nossa Biblioteca.

Choro - do quintal ao Municipal
Henrique Cazes
Ano de lançamento: 1999
Editora: 34
232 páginas
Geralmente coloco o link para compra do produto pelo próprio site da editora ou gravadora, mas a editora 34 está com a página em construção. Também no site do autor não há como comprar o livro. Então aqui vai o link para compra na Saraiva, que foi o único lugar onde encontrei:
Saraiva.com.br
Visite também:
Site Henrique Cazes
Site Editora 34
Cotação Quintal do Choro: ótimo
Sua primeira incursão no mercado literário foi o livro didático "Escola moderna do cavaquinho", lançado em 1988 pela editora Lumiar. Somente mais de uma década depois, em 1999, é que viria a lançar aquela que eu considero como sua obra-prima: "Choro - do quintal ao Municipal".
Por revelar a história do gênero a partir do ponto de vista de um músico que participou intensamente dela, "Choro - do quintal ao Municipal" é um livro único. A abordagem é quase puramente histórica, sem maiores análises técnico-musicais, e a leitura torna-se bastante descontraída pelo fato de que, apesar de seguir uma linha cronológica bem definida, a narrativa é organizada por assuntos que não necessariamente se encadeiam no tempo.
Um ponto forte do livro - e que na minha opinião é algo que tem faltado a muitos autores, acabando por cair numa pretensa imparcialidade - é que Henrique não se furta em emitir sua opinião pessoal, definindo claramente seus pontos de vista, sem se acanhar em dar "chutes" e deduzir fatos a partir de seu conhecimento e de seu faro de historiador. Por exemplo, eis o que ele nos diz dos sobre os maxixes "Morro do Pinto" e "Morro da Favela", de Pixinguinha, no capítulo dedicado ao mesmo:
"(...) é difícil entender como um autor que já havia apresentado o sofisticado 'Dominante', e logo depois mostraria tantas músicas geniais, fizesse algo tão simplório quanto os dois Maxixes. Ou essas músicas não eram de Pixinguinha, ou ele tentou se aproximar de um formato mais simples e acabou se descaracterizando."
Henrique toca sem pudor em assuntos que sem dúvida são motivo de controvérsia e dividem opiniões, chegando a criticar veementemente as letras de música de Hermínio Bello de Carvalho, poeta e compositor, um dos mais importantes produtores musicais do Brasil. Acontece no capítulo 26, "Choro cantado, um assunto polêmico", quando comenta sobre a inclusão de letras em choros de autores já falecidos:
"No caso de Hermínio [Bello de Carvalho], sente-se um desinteresse pelo clima sugerido pela melodia e, por mais alegre que ela seja, o letrista está sempre falando de amores fracassados. Exemplo agudo do descaso de Hermínio com o clima da melodia é o alegre e quase humorístico 'Escorregando', de Nazareth, e cuja letra começa com: 'Meu coração é um manguezal ameaçado de extinção'. Por essas e outras, o Choro cantado tem tantos opositores."Acredito ser muito importante essa parcialidade assumida, pois Henrique Cazes é um músico de peso e cuja obra e trajetória gabaritam a opinar com conhecimento de causa acerca dos diversos assuntos que a história do Choro abrange. Não se tratam de opiniões levianas e o autor passa longe da crítica gratuita, nem tampouco percebe-se nele o desejo de polemizar. Apenas opina sem pudor em certos pontos do texto, o que acho muito válido, como já disse; dar "pitaco" é algo permitido justamente pelo fato do autor ser um grande músico.
Indo um pouco além das opiniões, a parcialidade também se revela no fato de que Henrique claramente "puxa brasa pra sua sardinha", e acabam sendo bastante numerosas as citações a Radamés Gnatalli (com quem conviveu intensamente) e aos trabalhos dos quais o autor fez parte, como a Camerata Carioca.
Outro ponto alto é o capítulo 16, "A roda de Choro ontem e hoje", que garante boas risadas com vários "causos" ocorridos em rodas de Choro freqüentadas pelo músico.
"Choro - do quintal ao Municipal" é um livro indispensável do Choro, e não poderia deixar de figurar aqui em nossa Biblioteca.

Choro - do quintal ao Municipal
Henrique Cazes
Ano de lançamento: 1999
Editora: 34
232 páginas
Geralmente coloco o link para compra do produto pelo próprio site da editora ou gravadora, mas a editora 34 está com a página em construção. Também no site do autor não há como comprar o livro. Então aqui vai o link para compra na Saraiva, que foi o único lugar onde encontrei:
Saraiva.com.br
Visite também:
Site Henrique Cazes
Site Editora 34
Cotação Quintal do Choro: ótimo
Um comentário:
Muito bom
outro dia vi esse livro e agora vou compra-lo!
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